jump to navigation

a visão de Antonio Negri sobre os hackers 6 março, 2006

Posted by Fabio Malini in Pensamento Negri.
trackback

Hoje trabalhei lendo textos e mais textos. Então a minha reflexão é sobre um artigo de Antonio Negri que traduzi para a um livro que vai sair no proximo semestre. Vai se chamar "O Comum" (o livro). Há uma passagem – que eu gostei muito – sobre a mudança na natureza do trabalho após a informatização e o trabalho dos hackers.Quem trabalha com tecnologia, tem agora como valor não mais o trabalho em si, mas o desejo de compor multidão – porque produz sempre de forma cooperativa. Mas, alguém poderia dizer, mas todo relação social de produção contém cooperação. Claro que sim.

Mas a novidade é que é uma cooperação que produz com instrumentos de trabalho próprios, que não são dados pela capital. É um trabalho que produz multidão.

Acredito que o universo dos blogs tem muito de multidão, tal como Negri conceitua. É um trabalho de singularidades cooperantes (multidão). Mas vamos ao texto (em primeira mão. o resto é segredo):

O que me interessa destacar são algumas características que estão relacionadas com a prática de seu trabalho e que formam parte de sua ética além de formar parte de seu trabalho. Penso que os hackers valorizam antes de tudo uma relação com o trabalho que não se baseia no dever e sim na paixão intelectual por uma determinada atividade, um entusiasmo que é alimentado pela referência a uma coletividade de iguais e reforçada pela questão da comunicação em rede. São vários os autores que explicam essa ética hacker e que insistem em pensar que o espírito hacker consiste na recusa das idéias de obediência, de sacrifício e de dever que sempre foram associadas à ética individualista, à ética protestante do trabalho. Os hackers substituem essa ética não de uma maneira egoísta, mas, ao contrário, por um novo valor que prega que o trabalho é mais alto quanto maior seja a paixão que esse trabalho desperte. Falamos de paixão, aderência, interesse e continuidade. Essa maneira de pensar o trabalho une, fundamentalmente e de maneira indissociável, o prazer intelectual a força pragmática e ao compromisso social. O modo de produção open-source, que é uma invenção dos hackers e que por sorte é exportável (pode ir mais além da prática mais estrita dos hackers, já que é um projeto que pode ser retomado por outros) se tornam imediatamente comunicativo. O software livre com código de fonte aberta (open source software) é um produto de colaboração voluntária, aberta e auto-organizada entre programadores que estão divididos pelo mundo inteiro e que estão ligados em rede produzindo programas abertos e modificáveis pelos usuários locais, que sempre se colocam como competentes iguais. Quando o Linux nasce é uma criação genial que é colocada em circulação. Esta paixão intelectual pelos problemas mais difíceis cria continuamente.

Comentários»

1. Ezequiel Vieira - 7 março, 2006

tenho mania de me apegar a detalhes q nem sempre sao importantes, mas vamos lá…

o q o autor entende por “capital” e por que ele acredita q os instrumentos de trabalho nao vem desse mesmo capital?

as tecnologias usadas nesse próprio trabalho de multidao vem da onde?

2. Fabio Malini - 7 março, 2006

ezequiel,

queria não ser didático, mas vamos lá:

1. os instrumentos de trabalho são oferecidos por aqueles que compram a nossa força de trabalho, a burguesia. Se um dia for trabalhar na Gazeta, por exemplo, trabalhará com equipamentos emáquinas da empresa. O trabalho então só se faz com os recursos da burguesia.

2. Capital é uma relação de exploração.

3. Hoje com seu computador você pode produzir, somente, com sua força-cérebro. Por isso é nece´ssárioc ada vez mais ter “computador para todos”, pontos de cultura etc.

valeu!


Deixar mensagem para Ezequiel Vieira Cancelar resposta