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@choravilavelha: jornalismo p2p e o homem público das redes 2 novembro, 2009

Posted by Fabio Malini in Blogs, cibercultura, colaboração.
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Por que o @choravilavelha se transformou no evento fundador do jornalismo p2p no Espírito Santo?

Para aqueles que não sabem: @choravilavelha é um perfil no Twitter cujo principal objetivo é retuitar reclamações sobre a cidade de Vila Velha, no Espírito Santo. Hoje, dia de finados, movidos pela indignação contra alagamentos e caos urbano provocados pela chuva constante que cai sobre a cidade, internautas de Vila Velha deixaram o habitual orkut-email-msn-google e partiram, no Twitter, para uma campanha contra o prefeito da cidade, que virou Judas, depois de publicar no microblog, que acompanhava, da China, notícias sobre o estado de emergência por qual a antiga capital do ES passa.

O meme #choravv se espalhou pela web 2.0. Até o final da tarde, já passavam de mais de 500 comentários nos microblogs. O ponto mais alto da conversação virtual foi quando o prefeito da cidade, @neucimarfraga, erra o código para enviar uma mensagem privada (direct message) a um jornalista-tuiteiro, tornando-a pública:

d-ximenes65- se insistir no tratamento pessoal, poderemos conversar no tribunal.

Depois da ameaça do prefeito, a reação foi ainda maior, entrando agora em cena os jornalistas da cidade, que numa ação corporativa (do sindicato ao chefe de redação de um dos jornais) condenam, via Twitter, o ato do prefeito. Já, neste momento, o @choravilavelha vira o principal veículo da cidade, gerando um “efeito jornal” nos internautas capixabas, ou seja, sendo o porta voz da indignação cidadã contra a política municipal que, para além da boa vontade do governo local, chegava a 10 meses de administração, com ruas em obras (de forma absolutamente desorganizada), alagamentos em inúmeros pontos da cidade, buracos infinitos…

a era do jornalismo p2p

O @choravilavelha abre a temporada do jornalismo p2p no Espírito Santo, à medida que sem edição, publica todo tipo de manifestação, mesmo aquela que vá contra o desejo e os interesses dos autores do chora. Como uma espécie de Napster do jornalismo, faz com que os internautas tenham acesso ao que toda rede escreve de crítica à cidade de Vila Velha, de forma direta, ponto a ponto, criando ao mesmo tempo um grande mural conversacional e instaurando uma comunidade virtual.

Mas o que o @choravilavelha reflete é um alteração densa nos processos de formação da opinião pública. A opinião sempre esteve atrelada àqueles que detinham a capacidade de irradiar informação. Hoje essa capacidade está em todos os lugares virtuais, fazendo com que o conceito de notícia se caduque com enorme facilidade. O caso de hoje é exemplar: foi possível ver fotos, relatos, depoimentos em texto, vídeos sobre o caos, publicados por cidadãos de diferentes partes da cidade de Vila Velha. Tudo de forma direta, usuário para usuário, ponto a ponto (p2p). Portanto, o “efeito-imprensa” atravessou toda a web canela-verde, de forma que todo cidadão passou a produzir sua própria notícia da desgraça que cai sobre o município.Com a popularização do computador e da internet, jornal, Tv e rádio – hoje afastados da dinâmica concreta da cidade (mergulhados num jogo de dependência político-financeira com setores conservadores) – veem seus públicos criarem seus próprios canais de comunicação, fazendo com que só reste para si um público facista, aquele que se diverte vendo “acidentes de trânsito e homícidios entre os pobres”.

Mas a novidade de hoje não somente essa possibilidade do usuário produzir notícias (aliás, isso já é sabido há pelo menos dez anos). O que é radical hoje é o fato do internauta poder cultivar o seu público. Um público poderoso porque, na verdade,na internet não existe públicos, mas parceiros. Internet – para o bem ou para o mal – só funciona a partir da lógica da parceira (veja a busca delirante dos jornais em colocar o usuário para dentro da produção da notícia). Então essa nova geração de publishers são potentes porque sabem cultivar menos públicos e mais parceiros. Essa é a grande diferença entre o jornalismo p2p e o u2m (um para muitos). O @choravilavelha é produto de um jogo de parcerias, por isso que fazem funcionar uma netwar, que desloca o conceito que temos de “homem público”, porque demanda deste uma relação direta, sem intermediários, sem maquiagens, com a população.

um dilema: a lógica pastoral dos profiles

Foi o Richard Sennet que afirmou que, nessa época de publicização da intimidade, reina a tirania, porque aqueles que são capazes de mobilizar mais fãs (ou amigos), a partir de valores pessoais e consumistas, conseguem destruir reputações públicas. É verdade: há nisso tudo um enorme campo de contradição, sobretudo, se pensarmos que parte da internet é feita de scripts, macros, spammers, obsessões exibicionistas, ególatras e outras coisas mais, que juntos são capazes de gerar uma massa de subjetividade que se edifica a partir da idéia de que, ao irradiar mensagens, repetindo-as, replicando-as, é possível ter mais força online. Trata-se do velho “efeito de massa”. Não é à toa que o pesquisador Henrique Antoun vai mostrar que o principal antagonismo hoje, na internet, deriva da tensão entre a comunicação distribuída dos grupos e a comunicação irradiada dos fãs.

A ameaça a qualquer ação p2p é exatamente a de transformá-la em uma orda de pequenos fanáticos (fãs). Em vários momentos, percebeu-se que muitos movimentos dos usuários do @choravilavelha reproduziam o ideário do fã: crença inesgotável no ídolo e, na mesma proporção, a descrença naqueles que dele discordam. Quando isso ocorre, o profile torna-se pastor e não um jornalista (usando o termo como metáfora, como aquele que quer aglutinar todas as expressões sobre um acontecimento). A ética pública precisa ser a ética do comum. E o comum é a aglutinação da diferença social. Contudo, o @choravilavelha é uma criação coletiva, mobilizado a partir das margens. Transformou-se num espaço de catarse. Dali não sairá um grande movimento social, mas criou um lugar, uma diferença, importante num momento em que vemos fãs para tudo que é lado.

Assumir o efeito-imprensa significará, cada vez mais, para os bons perfis das redes sociais,  fazer passar a sociedade, numa relação de diálogo, de conversação. Sem ameaças, sem fanatismos.

Sobre a política em tempo de web 2.0

Neucimar Fraga, nosso prefeito, já aprendeu a lição. Sua atitude autoritária, de usar a velha política da ameaça como forma de lidar com a crítica, foi absurdamente refutada online e offline. Na prática, sem saber, os políticos – sobretudo aqueles ligados à política local – vão ter de aprender a viver com a crítica direta advinda da internet. Na verdade, a internet pode ser um grande espaço de liberdade do político em relação àquele marqueteiro oportunista que vive de modular a imagem do político na mídia de massa. Pode ser uma forma de experiência direta, de conversa direta. São muitas as possibilidades de atuação pública do político nas redes.

Eu só queria pontuar uma coisa importante. A internet é uma mídia viva. Nada se perde nela. É interessante notar que uma das formas de ativismos contra Neucimar tem sido a recuperação de suas mancadas históricas, como aquela lei contra o homossexualismo que defendia de forma preconceituosa. A rede levanta essas mancadas (traz entrevistas, artigos etc do prefeito) e bota pra circular de novo. A rede é memória. E a memória é o que constitui o vivo.

Se blogs, microblogs etc são ou não imprensa, isso é questão para aqueles que ainda estão na era analógica, que creem que só eles são capazes de “atualizar” a população.

Novos ventos no Espírito Santo, apesar da chuva.

Texto debate política e internet 22 abril, 2009

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Las nuevas tecnologias mediaticas y el cambio político y social é o tema do e-journalUsa.  Vale à pena a leitura do artigo sobre novas mídias e a política estadounidense.

singularidade e tecnologia 11 abril, 2009

Posted by Fabio Malini in cibercultura, coletivos, cultura, Sobre o virtual.
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O que é a singularidade tecnológica,  por Vernor Vinge.

O que nós, blogueiros, somos? 21 janeiro, 2009

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palestra no Campus Party Brasil

21 de janeiro de 2009

“O devir é sempre de ordem outra que a da filiação. Ele é da ordem da aliança”. (Gilles Deleuze)

quem diga que se há só existe uma única identidade entre blogueiros: a própria internet (este seria o ser positivo dos bloggers). Contudo, em geral,  esse tipo de informação tem um certo sentido pejorativo, pois que se revela uma operação antropológica negativa, já que acusa todo tipo de blogueiro de “falta de tradição ética” (este seria o ser negativo dos bloggers).

Usando muitas remissões de leituras associadas ao ciclo do debate sobre o capitalismo cognitivo, que peço desculpas, por não referenciá-las, pois aqui se trata de texto síntese, um texto para ser lido.

De antemão eu queria demonstrar que estamos no cerne de um conflito de poder. Na verdade, num conflito entre poder e saber. Esse conflito está associado à nossa indignação, a nossa insurreição sobre por que nós somos excluídos do coletivo que conhece ou do coletivo que deve produzir o conhecimento. O poder, no âmbito do saber, sempre se estruturou no isolamento da sociedade ao trabalho do laboratório, do trabalho que produz a experiência. A experiência é que funda a certeza.  Portanto, isso fez separar o saber do comum. Com isso o argumento de o saber devendo ser produto do espaço público, do espaço comum, sempre foi refutado, porque isso causaria a desordem, o caos, geraria somente incertezas. Então o monopólio do saber fica restrito aos representantes. Os acordos do saber ocorrem entre poucos. Isso é a base da democracia representativa. Um tempo as pessoas são ouvidas, depois se calam, porque transferem suas vozes para seus representantes. A lógica de um fala, outro se cala, é o que fundamento o poder no campo dos saber. É assim que se faz ciência, é assim que faz jornalismo, por exemplo.

Os blogs fazem parte de uma movimento social que recusa essa hierarquização. Recusa como o poder funciona. De deixar para a mídia dizer quem é jornalista ou não é. Quem informa e quem não informa. O poder funciona nessa separação. Não se trata de desqualificar saberes dos especialistas e eruditos, é muito mais questionar a sua clausura, o seu isolamento. É questionar essa divisão. Essa é a nossa visão, esse é o nosso desejo, essa é a nossa vida. Hoje o conhecimento não é mais estável. As corporações do poder também estão numa incerteza radical. Veja o caso caso do jornalista. O capitalismo cultural está sendo marcado por essa incerteza. Muitos saberes estão saindo de espaços públicos rompendo a sua insígna de saber profano.

Foucault dizia que é uma insurreição do saber submisso, é  o que vivemos. É um movimento duplo. Uma insurreição do saber particular, do saber naif, do saber ingênuo. Saberes que são particulares e específicos. O louco quer demonstrar o seu saber, o operário, o morador de rua,o presidiário, o adolescente, o paciente, idem. E, por outro lado, há também uma insurreição do saberes eruditos: das tradições, dos conceitos, das teorias que haviam sido vencidas. O caso do debate teórico sobre os commons e a liberdade é um exemplo disso, porque era uma reflexão que havia sido completamente abandonada e derrotada na universidade, e que agora é retomada com muita força.

Então somos parte, como blogueiros, dessa nova luta contra o poder. Contra o direito do poder em auto-proclamar quem é o especialista, que é aquele que tem experiência e quem tem o direito de fazer a experiência. Como disse explicitamente o filósofo italiano Maurizio Lazzarato, “o poder de crítica cabe a cada um de nós, e não apenas aos ‘especialistas’. Nós somos especialistas”.

Eu queria corroborar e refutar essas duas dimensões identitárias (o positivo e o negativo) a partir de algumas leituras teóricas e observações da produção blogueira. Então a partir dessa tensão entre o positivo e o negativo extrairia os fundamentos que todo blogueiro levam em consideração para formar a sua reputação (ou melhor, os seus padrões de conduta). Tudo isso de forma muito ensaística e, até certo ponto, com uma levada filosófica para fazer jus a minha atividade profissional de professor universitário.

I. Todo blog reproduz a cultura da internet.

Todos nós sabemos: ao emergir em 1997, o blog hospedava as linguagens mais amadurecidas da internet. E mais: se tornava o mais novo povoamento da internet. Muitos usuários começaram a ter uma nova moradia na web para além de seus email (primeiro povoamento) e das suas comunidades virtuais (segundo povoamento). O interessante é que o blog vai ser a primeira plataforma madura de publicação que nasce na internet, não guardando nenhuma (eu sou radical nisso), mas nenhuma mesmo, referência a qualquer forma de publicação que o antecedeu. Não tinha, a priori, a necessidade de de transpor nenhum meio físico de informação, tal como se caracterizou o jornalismo online.

A primeira conclusão óbvia é que todo blog é, de forma condicional, uma prática cibercultural. Eu tenho uma experiência de ser professor de jornalismo digital que coloco meus alunos para publicarem blogs, apesar da reação deles, que querem produzir notícias. E noto que a grande dificuldade deles em produzir blog é a adaptação à netculture e o abandono dos princípios éticos de massificação. (Vocês sabem o jornalismo advém da cultura do papel: a durabilidade, a objetividade, a portabilidade, a opinião pública, a massificação, mas também o descarte, a efemeridade, a exclusividade e, principalmente, o passado. O Mcluhan dizia que o papel – na verdade, o livro – inventou o público e o individualismo. Então, meus alunos querem falar com o grande público, isolado e passivo. E a internet é uma ruptura com a massificação. Nunca na internet haverá uma publicação com a mesma audiência da televisão, por exemplo). Mas percebo que abandonar os princípios de massificação não é um grande obstáculo, mas sim compreender e exercitar os fundamentos da netculture, que é uma memória pesada que está cimentada sobre os ombros de cada blogueiro.

Que fundamentos são esses? Inúmeros, mas quero destacar apenas três,  aqueles que estão mais arraigados até hoje na constiuição do ser blogueiro (isso com ajuda ajuda de um especialista nesses fundamentos, o russo Lev Manovich):

  1. Na rede, “nos identificamos com a estrutura mental de outra pessoa”. Não seguimos o corpo de uma celebridade, como ocorre na sociedade industrial de massa. A internet é um dispositivo de relação entre mentes: é um bio-organismo vivo.
  2. Na rede, “todos os meios são programáveis”. Os dados são contínuos, portanto, submetidos sempre a uma adaptação individual ao invés da estandartização massificada.
  3. “Toda cultura digital é marcada pelo princípio da variabilidade”. Cada um seleciona entre uma diversidade de dados a ideologia quer carregar, tornando o original apenas protótipo daquilo que quer recombinar. Todos blogs são meios variáveis, porque servem como versões e protótipos ao mesmo tempo.

No sentido bem amplo, podemos reconhecer três características dos blogueiros que são derivadas dessa cultura da rede:

  1. Da relação entre mentes, advém entre os blogueiros o princípio da interligação. A ligação é que distingue o blog de qualquer outra publicação. Blogar é se aliar, se associar, se linkar (blogueiro linka blogueiro, se diz). É uma relação contínua com o outro. Aqui reside a cultura do hiperlink (filtro e contexto), a cultura dos memes (influência e partilha), a cultura da conversação (participação e referências múltiplas). A interface dos blogs é preparada para a interligação. Isso é o núcleo genealógico (portanto a raiz) da atividade blogueira.
  2. Da cultura da programação dos meios digitais, advém entre os blogueiros o princípio da perspectiva individual. O blog é um espaço protegido. Ninguém revisa o que você escreve. Portanto, não há checagem de ninguém, você não tem de responder perante a ninguém. É uma experiência, deste modo, de alargamento da compreensão pública da vida. E, em geral, essa compreensão se distinguem das versões do poder. É por isso que detestamos blogs que se detêm apenas a reproduzir conteúdos já padronizados, logo, conteúdos que reproduzem o poder. Isso porque, na raiz da estandartização, existe a busca pela fixação da compreensão a um único relato, a um único texto.
  3. Da cultura da variabilidade, advém entre os blogueiros do princípio da mistura.  Eu queria reforçar esse princípio porque tem muita relação com a questão biológica. O Richard Dawkins que afirmava que ao se tornar múltiplo, hibridizado, sabemos que o corpo fica mais forte, mais resistente. E há a perda natural do original. É a diferença o que une os blogueiros. Nesse sentido, eu sou do grupo que considero o blog algo absolutamente inclassificável. E acredito que ele é um gênero literário. Blogar é uma experiência que, paradoxalmente, estimula dois movimentos: puxar e empurrar, graças ao fato de cada post possa se dividir em comentários e hiperlinks que conduzem o leitor para um outro lugar com as mesmas característica de divisibilidade.

II. A moral blogueira e a questão da reputação

Eu dizia que concordo com a tese de que a unidade do blogueira reside no fato de ser o blog resultante da cultura da internet. Mas que era contra a visão de que a blogosfera não contém uma ética. Essa é uma crítica pesada. Não sei se vocês sabem a dimensão que isso causa quando alguém diz a um outro que não possui uma ética. O filósofo francês Michel Foucault gostava de ressaltar que nos tornamos sujeito – portanto, ativos no mundo – quando adquirimos uma ética; quando somos preenchidos de valores que fazem afirmar nossa singularidade, nossa diferença, nossa pulsão, nosso desejo de vida, nossa “vontade de poder” para citar o Nietzsche. Então quando dizemos que o blogueiro não é um “sujeito ético” significa uma acusação, significa que ele não é capaz de agir sobre o mundo, não é capaz de transformar a si. A ética é esse carregamento de valores que constituímos para nós como algo que nos difere e que nos movimenta. E que nos faz conhecer a si e aos outros.

Mas, num lugar como a da blogosfera, onde há uma fragmentação absurda do saber, onde se fala muito e se ouve pouco, onde parecemos nos sentir mais isolados do que em comunhão, será que é possível dizer que formamos um corpo ou seríamos apenas uma simulacro de nós mesmos? Somos um movimento social ou somos apenas imagens oportunistas e exibicionistas? Somos permeados de vontade de poder ou somos portfólios prêt-a-porter? Mais uma mercadoriazinha com seus valores de uso e troca ou um trabalho que nega ser comandado? Eu sei que essas questões ainda não estão bem resolvidas. Contudo, eu queria colocar isso bem num âmbito político para enfrentar essas questões espinhosas para chegar ao coração das práticas de reputação na blogosfera. É preciso, como fizeram os gregos, criar o Outro, criar aquilo que não é como uma estratégia antropológica para se dizer o que é. Trocando em miúdos: nós, blogueiros, quem somos e o que não somos? Eu estudo, do ponto de vista do materialismo, então parto da premissa que “somos o que construímos” numa relação de força contra força.

Então eu queria responder esse dilema ético do “ser ou não ser” a partir da análise de como se constrói o blogueiro para depois extrair daí as estratégias de julgo associadas esse mundo, que estão presentes na práxis blogueira. Vocês sabem, reputatus, significa renome que vêm da capacidade de julgo, de diferimento, de consideração. É uma avaliação que nos escapa: é uma atitude amorosa, à medida que se depende do outro. Mas dependendo do que se seja, de como nos definimos eticamente, a capacidade de distinção também é uma ou outra.

Para mim, nós, blogueiros somos tipos de pessoas motivados pela “partilha da informação, pela construção de uma reputação e pela expressão livre da opinião pessoal”. E o que nos funda é a ligação, é a relação com o outro, é o link, a referência. Blogueiro linka blogueiro, eis a nossa fundação ética no campo da informação. Diz a Rebecca Blood, “é a ligação que confere credibilidade aos weblogues, cria uma transparência impossível de atingir noutro meio de comunicação. É a ligação que cria a comunidade em que o weblogue se enquadra. É a ligação que distingue o blog da escrita dos meios tradicionais”.  Partilhar informação (links) ornando-a com sua expressão é o que vai torná-lo respeitado. Mas, sem sombra de dúvida, é “a produção de um ponto de vista, a capacidade de seleção de links e a experiência de vida do autor” que vão demarcar a sua reputação no seio dessa tribo. A reputação do blogueiro tem haver com sua capacidade de ser um perito. E, pela primeira vez na história da comunicação, a verdade é construída sem a necessidade de hierarquias no plano da subjetividade.

Hoje podemos dizer que a reputação é resultante de um conjunto muito diversificado de operações. Mas julgar é algo que requer tempo. As idéias requerem tempo, já dizia Platão. Fiz um compêndio do que autores que têm estudado a blogosfera tem a dizer sobre a conquista de uma reputação em blogs:

– Escreva só para você. Você é o seu único público.

– Concentrar-se num assunto específico. A identidade é a base da reputação.

– Indagar-se sempre sobre por que está direcionando um link e ou por que escreve sobre um assunto. No mundo da blogosfera, a reputação nasce dos links que você sugere. A confiança é fator decisivo na formação da reputação.

– Quem passa de perito para “personalidade da web” perde reputação porque se orienta por questões não mais centrais ao foco do seu blog.

– Analise a imagem mental do seu público para que não publique nada inadequado. A reputação cresce quando o conteúdo do blog coaduna-se com o gosto do público. Se escreves sobre gastronomia, talvez o público não seja muito fã de suas impressões sobre o filme que você assistiu com seu filho.

– Não recomende de imediato uma notícia que tenha gostado. Pesquise, compare versões e direcione ligações para aquelas mais aprofundadas.

– É preciso ter uma presença online pró-ativa e colaborativa para além dos blogs. Mas não pratique a adulação e não seja submisso. O importante é a ponderação, a sinceridade e a posição discordante respeitosa.

– Ignore os conflitos.

– Não queira ser um “vendedor de audiências” como faz a televisão. A longo prazo, você é visto como um mercenário. E sua voz terá pouca força de reputação de conteúdos na comunidade blogueira, apesar de ter popularidade.

– Publique aquilo que é verdadeiro. A verdade é o limite da liberdade da expressão.

– Qualquer erro deve ser corrigido publicamente.

– Nunca destrua um post. Se não tem certeza de sua opinião, não a publique.

– Revele os conflitos de interesse em torno de uma idéia ou fato.

– Faça ligação para links de conteúdos que você discorda.

III. Notas conclusivas: sobre críticas à moral blogueira

Eu queria terminar apontando alguns dilemas éticos que nos atravessam e que afetam a construção da reputação blogueira em comunidade. E comentar um pouquinho cada um desses dilemas:
1.    Os links incestuosos ou a endogenia mafiosa de alguns blogueiros. No jornalismo uma das coisas mais danosas é que o jornalista só lê jornal. Isso faz com que as notícias sejam sempre as mesmas. Dizemos, isso é uma tautologia. No caso dos blogs, o nosso problema é ficar restrito a poucas fontes, geralmente aquelas que alcançaram um papel de hub no nosso campo. Quando ficamos restrito a um mundo restrito, impedimos que  perspectivas distintas. Então seria muito bom que todo blogueiro convocasse e linkasse blogs com pequena audiência, isso como um hábito mensal ou semanal. Isso não é só um questão que produz empatia, mas que valoriza o novo, valoriza a comunidade. Sabemos, com a nossa experiência de mídia de massa, que repetição gera saturação na imagem.
2.    Pouco esclarecimento de notícias, e mais pontos de vista sobre elas. A função da blogosfera é fazer uma insurreição na velha hierarquia saber especializado x saber profano, como já havia colocado. A grande força da blogosfera é constituir uma excesso de ponto de vista para retirar o sentido único que geralmente contém uma notícia ou até um post. Muitas vezes há uma reprodução da agenda midiática, uma importação cega, para o blog ficar dentro da agenda da imprensa. E assim ganhar mais atenção. Não adianta o cara dizer que a saúde do Steve jobs anda ruim. Significa sempre que ele está à reboque de um outro mídia. A questão é então o que significa isso para o mercado de tecnologia, para a história da informação, para o futuro da Apple etc.

3.    A repetição, a previsibilidade e o ar de completo. É importante o raciocínio que nosso conteúdo é aberto, portanto, sempre há uma lacuna que queremos deixar de tê-la. Quando repetimos o que já dizemos, somos previsíveis, produzimos redundância negativa, uma entropia. É como ouvir um palestrante repetindo o mesmo argumento. A repetição deve ser um recurso para ativar uma memória. Somente, penso.

4.    As reações convencionais no lugar da interpretação genuína. Não se torne um jogador de futebol. Sabe aquela coisa de repórter no campo, jogar saindo do vestiário e aquele depoimento: “Respeito o adversário, será um jogo duro, mas estamos preparado para ganhar”. Então esse vazio argumentativo é depreciativo. Uma coisa é ser ponderado, outra coisa é ser submisso.  É preciso que sua voz ecoe na blogosfera, através de argumentos que fazem parte de seu ponto de vista.
5.    Pautar-se exclusivamente pelos assuntos do momento (caçadores de paraquedistas). Não se estresse: sempre haverá alguém com público maior que o seu. “Não confunda a atenção que presta ao público com o objetivo de impressioná-lo”.

ciberpolítica e eleições 2006 30 abril, 2008

Posted by Fabio Malini in Blogs, cibercultura, jornalismo, política.
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No site da revista científica Razon y Palabra (super indicável!), há a introdução do livro Ciberpolítica, de Carmen Fernandes,  que destrincha o impacto do uso da internet nas eleições até o ano de 2006.

Na Intercom Sudeste 2008, assino, junto com o Gabriel Herkenhoff, o artigo A disputa pela produção dos sentidos nas eleições de 2006: a emergência de uma opinião distribuída. O trabalho busca empreender uma análise do papel da Internet, no que tange suas possibilidades de produção de conteúdo (especialmente blogs, Orkut e You Tube) nas eleições presidenciais brasileiras de 2006 e sua vitalidade na construção de um campo de batalha pela produção de sentidos.

Sobre a Pós-modernização e a economia do imaterial 20 junho, 2007

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Segue um apresentação de aula que ministrararei no curso de especialização Lato Sensu Comunicação Estratégica e Gestão de Imagem, da Ufes, nos próximos dias.

A lâmina onde se encontra os dados da queda de leitores da Folha de São Paulo foi retirada do ppt de Oona Castro, apresentado no seminário A Constituição do Comum, em Vitória-ES.

Cultura digital: para além da fragmentação 19 junho, 2007

Posted by Fabio Malini in cibercultura, crítica, diversidade, eventos, inclusão digital.
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Bom vai rolar o Seminário Internacional sobre Diversidade Cultural, promovido pelo Ministério da Cultural. Daí que a rapaziada da Cásper, liderada pelo Sérgio Amadeu, me convidou para participar da Desconferência Online sobre Diversidade e Cutura Digital. Todos os artigos de pesquisadores de cibercultura estão no blog da desconferência e vão fazer parte de uma coletânea a ser entregue neste seminário. Há um texto aberto feito em wiki, que se tornou quase que a base comum desses textos todos.

Segue a minha humilde contribuição, que tb foi publicado na página do MinC:

Cultura Digital: para além da fragmentação

A profusão da riqueza da diversidade da cultura digital faz minar, a cada dia, o quase finado conceito de homogeneização, proveniente da sociedade de massa. Na verdade, se há um traço peculiar no interior da cultura digital é o fato dela nascer e se desenvolver para arrebentar, de uma vez por todas, qualquer resquício da cultura de massa. Em especial, fazer com que toda e qualquer tentativa de docilização dos corpos e mentes seja espinafrada através de mobilizações nas redes virtuais.

A internet é uma política contra o padrão e a favor das singularidade de expressões e de produções criativas, mesmo que essas expressões sejam para lá de questionáveis. Quem habita em algumas comunidades virtuais do Orkut, como a Eu detesto o gosto da Novalgina ou Comunidade MSN Brasil, sabe que os sentidos produzidos nos fóruns de discussão geralmente ficam numa espécie de joguinho em que o usuário responde a indagações toscas, como “beija ou passa”. Bom… aquele sujeito mais moralista tende a condenar esse jogo semiótico como uma forma de comunicação vazia. Mas, para além de qualquer julgamento moralista, a diferença desses jogos toscos com os programas do broadcasting é que pelo menos o niilismo é produzido pelo próprio usuário em vez de atirado sobre eles.
Como ultrapassar o dilema da fragmentação

Bom, mas essa não é, para mim, a questão principal. O problema é que a diversidade digital é fragmentada. Muita gente falando, pouca, escutando. Então temos, pelo menos na aparência, uma contradição. Por um lado, a internet produz a fissura na lógica do sentido único do broadcasting. Acaba com aquele mundo em que “líderes de opinião” falam por nós. Mas, por um outro lado, se há todos falando, só há monólogo, e se há só monólogo, não há comunicação. É um big brother às avessas que vivemos. Uma forma de não haver entendimento e visibilidade é justamente fazer com que todos falem, mas sem canal de retorno. Assim a profusão de blogues, podcasts, mídias sociais da Web 2.0 ou ainda sites independentes, aumentam a difusão pública de enunciados, mas não os torna comuns. Geralmente aqueles colegas jornalistas mais cínicos aproveitam essa deixa e sempre me colocam o dilema: “tudo bem há 70 milhões de blogues no mundo, mas são quase sempre pautados pelo o que dizemos, ninguém ganha prestígio social se é citado por um blogueiro ou por uma publicação independente, e vamos e convenhamos uma comunidade no Orkut com 50 mil usuários não faz cosquinha na televisão, com seus milhões de espectadores”. A tese desses amigos cínicos é que a cultura digital é nicho. É cultura fechada no pior sentido do termo comunidade. São mobs. Tratam de grupelhos com uma nanoaudiência. E só.

Essa crítica que cimenta a diversidade da cultura digital à cultura da fragmentação é repetida até pelos setores mais à esquerda da sociedade, que sonham com o eldorado das lutas de massa. Mas a diversidade é algo denso porque se trata de um conjunto de singularidades que não se resume ao Uno (o partido, o estado, o broadcasting etc). O diverso é muitos. É multidão. Daí que nosso caminho político seja agora criar a Televisão dos Muitos, a Internet dos Muitos, a Rádios dos Muitos, a Imprensa dos Muitos. Ultrapassar a fragmentação é criar plataformas onde os Muitos possam se auto-organizar, auto-reputar, auto-coordenar e realizar uma livre troca de saber. A questão mais difícil é que, para fazer isso, não há modelos a seguir. É preciso construí-los. Além disso, estamos no interior de um desafio de como tornar a diversidade das culturas da rede massificada sem os dispositivos da cultura de massa. Experiências como o Overmundo, Digg ou ainda Slashdot, são boas soluções já testadas que mostram como é possível agregar aquilo que está fragmentado e expor, numa plataforma comum, a diversidade a um número maior de pessoas. Mas a característica dessas soluções é que não há a mediação da autoridade. É um auto-governo. Pensar a ampliação da diversidade é investir no auto-governo.

A cultura digital ultrapassa o Estado e o Mercado

A diversidade é produto desses Muitos. Mas tem razão os cínicos sobre a questão da fragmentação. Uma das formas de controle da diversidade é fazer com que ela própria não crie espaços públicos de convergência de suas expressões. Sabemos que numa sociedade do controle o direito da invisibilidade é até um ato de resistência. Mas o que acontece dentro das redes virtuais faz parte do tecido social. Não há fora. A cultura digital é produto dos múltiplos movimentos da sociedade. Mas, não vamos supervalorizar o fato de que a rede se transformou no espaço mais importante de distribuição da diversidade cultura. Isso porque o Estado e o Mercado ainda trabalham com a lógica da escassez cultural (é a velha forma da cultura de massa criar o valor de um bem), impedindo que a cultura floresça.

A cultura digital ultrapassa essas duas formas (o Estado e o Mercado) porque é construída para ser comum, porque quer manter a ampliação da socialização dos conhecimento e da cultura, a partir da abundância das trocas. Mas ela se trata de um devir minoritário. Ela é a tendência, mas não a hegemonia. Para isso precisamos propor uma agenda para que a diversidade não caía na cultura da fragmentação. Não há como avançar na preservação e multiplicação dessa diversidade sem que haja:

  • o estímulo à produção de ambientes agregadores da diversidade da cultura digital, mas que sejam criados e administrados pelos próprios usuários.
  • o estímulo à produção de mídias colaborativas em instituições de educação e cultura no sentido de ampliar a prática de expressão escrita, audiovisual e multimídia da cultura, como ainda produzir relacionamentos e redes sociais.
  • acesso à infra-estrutura de acesso universal e gratuito à internet via banda larga como política de comunicação das cidades. Isso para ampliar que novos produtores de cultura possam disponibilizar suas criações no universo das redes digitais.
  • o estabelecimentos de encontros (na forma de seminário, barcamp, wordshop etc) para ocupar a cidade com conteúdos e linguagens provenientes da cultura digital, ao mesmo tempo, para reforçar a participação social nos espaços públicos da cidade.

Queria terminar essa curta reflexão com uma frase do Negri que gosto muito:

A máquina é integrada ao sujeito, não como um apêndice ou uma espécie de prótese – como uma das suas outras qualidades – mas é profundamente incutida no sujeito a idéia de ser, ao mesmo tempo, homem e máquina. […] O crescente caráter imaterial do trabalho social em geral indicam a nova natureza humana que reveste os nossos corpos. O ciborgue é agora o único modelo disponível para teorizar a subjetividade.

Corpos sem órgãos, homens sem qualidades, ciborgues: essas são as novas figuras subjetivas; as únicas figuras subjetivas capazes hoje de comunismo
É isso aí, tal como o Sérgio Amadeu gosta de terminar seus discursos, o futuro é livre!

Jornalismo Cidadão é terceiro conhecimento 29 abril, 2007

Posted by Fabio Malini in Blogs, cibercultura, jornalismo, jornalismo cidadão, p2p, rede, web 2.0.
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Li dois posts sobre a questão do jornalismo-cidadão (a moda de atribuir a qualquer um a função de ser jornalista, haja visto blogs, fotologs, podcast, Ohmynews etcetera).

Os posts I e II, publicado no Intermezzo, relatam o debate sobre o tema, realizado na USP, com Ana Brambilla (vai estar aqui em Vix em maio) e Hamilton dos Santos, ambos da Editora Abril.

Gosto muito da discussão, e concordo com essa rapaziada que o jornalista é agora mais um guia do que um oráculo, já que com a evolução constante de sistemas de publicação amadora da Internet, o público entrou na farra e agora narra as suas histórias e a dos outros também.

O Henrique Antoun, gente boa demais e fodão quando o assunto é internet, diz uma coisa bacana. Para ele, certos produtos do jornalismo-cidadão (como blogs, por exemplo) se remetem aquilo que o filósofo Spinosa chama de terceiro gênero de conhecimento, como algo relacionado a um conhecimento intuitivo e sensitivo.

Num ótimo post, no seu Mediação-Mobilidade, Antoun explica isso tudo tim-tim-por-tim-tim. Para ele, não dá para pôr blogs e jornal no mesmo saco, pois o conhecimento é distinto:

As pessoas lêem e frequentam blogs procurando uma info afetiva e não uma info genérica, pura e simplesmente. Vc lê os afetos e não o conteúdo das idéias ou opiniões em um blog. Pra ler o conteúdo elas tem os jornais. O blog é lido pq eu amo ou odeio o q o blogueiro escreve, o jeitão dele escrever, o mundo próprio dele. No blog o conhecimento de terceiro gênero é + importante.

[…]

Sem querer aborrecer d+ todo mundo com filosofia; o conhecimento de primeiro gênero é o conhecimento “pelo signo”; do tipo ouvi falar, vi na novela, assisti no filme, li no livro…. Conhecimento onde a experiência não conta e o que conta é “o q todo mundo acha”, “diz”, “julga”. O conhecimento pelo signo é a principal fonte do preconceito e da superstição. É tb a principal fonte política da dominação. Hj em dia o conhecimento do primeiro gênero é o conhecimento pela mídia: jornal, tv, etc. Neste tipo de conhecimento o q conta é a autoridade: sacerdotes ou instituições. É o império dos formadores de opinião.

[…]

O conhecimento do terceiro gênero é o conhecimento que faz conceitos claros e distintos das afecções e afetos que provou. O conhecimento pelo entendimento do afeto e da afecção trazido pela idéia ao espírito. É o entendimento da alegria de seu mundo próprio e das paixões alegres; ou seja das paixões ativas e produtivas em vc.

O lance então é que o jornalismo profissional se remete a um conhecimento mais moral. O jornalismo então teria essa teleologia. É curioso que todas as formas de produção jornalística efetuada por cidadãos não-jornalistas sempre têm a mediação do jornalista. Continuam sendo um conhecimento moral.

Por isso que acho que a novidade que traz a Internet não está tanto no jornalismo-cidadão como conhecimento moral, mas no jornalismo-cidadão como conhecimento sensitivo e singular, como pensa o Antoun.

Mas isso é, para mim, ainda uma hipótese muito influenciada pelo pensamento do Antoun. Algo que preciso estudar mais. Segue uma boa discussão ativada por Ana Brambilla, via Intermezzo (que através de Beth Saad publicou a seguinte informação sobre o debate paulistano):

Ana Brambilla chama atenção para uma confusão de papéis que a onda do jornalismo participativo traz, passando por cima de conceitos fundadores. Não existem, porque não cabem, os ditos “cidadãos jornalistas”. Na verdade o que ambientes participativos estimulam é a emergência de “cidadãos-repórteres”, que executam aquela parte do processo jornalístico de reportar, relatar a realidade, trazer diferentes visões de um mesmo fato. Aqui, o cidadão pode contribuir muito, até mais que o próprio jornalista ou uma redação inteira que não tem condições de estar em todos os mundos ou dominar todas as fontes. Ali, no veículo e no blog, o jornalista e o editor, podem exercer seus papéis de forma enriquecida.

O Sistema Midiático P2P 29 abril, 2007

Posted by Fabio Malini in cibercultura, copyflet, emule, kazaa, napster, p2p, rede, torrent.
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Bom, quem é meu aluno deve estar se perguntando onde estão as minhas anotações relacionadas à última aula sobre sistema midiático p2p.

Então, segue o arquivo para ser baixado: Aula sobre Sistema Midiático P2P, por Fábio Malini

Não esqueçam que a aula foi estruturada a partir das leituras de um artigo de Michel Bauwens, A Economia Política da Produção entre Pares.

Leia também:

O Comunismo das Redes, por Fábio Malini

Sobre a defesa 2 abril, 2007

Posted by Fabio Malini in cibercultura, massa, rede, Sobre o virtual.
7 comments

Foram quatro horas de muito debate. Então, terminei a defesa da minha tese exausto. Aliás, todos da banca também. Henrique, Beppo, Ivana, Ruth e Ronaldo, estiverm ótimos e fizeram aquilo que deve ser o papel de uma banca: arguir. Dentro de uma clima de muita elegância.

Ser agora, Doutor – ainda mais o mais jovem Doutor que a ECO formou, é uma algo que vou digerindo nos meus próximos trabalhos.

Mas, tirando essa história de confete em mim mesmo, houve uma questão bastante difícil de ser respondida:

O paradigma de massa está superado ou não ?

Minha resposta virá num artigo, mas queria compartilhar a dúvida com vocês.

E, aí, o que pensar?